Resumo Introdução: As infeções da pele e dos tecidos moles (IPTM) apresentam uma incidência crescente, sendo causa frequente de admissão em internamento. Assim, a gestão adequada destes doentes é de extrema importância no prognóstico, redução da duração do internamento e consequentemente dos custos associados. Métodos e resultados: Realizou-se um estudo observacional retrospetivo com o objetivo de aferir qual a prática clínica, fatores de risco e mortalidade dos doentes internados por IPTM no Hospital de Braga. Foram incluídos 267 diagnósticos distintos. O isolamento microbiológico ocorreu na maioria das infeções necrotizantes e feridas cirúrgicas superficiais. Os agentes mais frequentes foram bactérias Gram positivo. Nas infeções necrotizantes 70% dos isolamentos era polimicrobiano. Os antibióticos mais utilizados nas infeções superficiais foram as penicilinas; contudo, 31,7% dos diagnósticos de erisipela e celulite foram medicados com antibioterapia de largo espectro. Nas infeções necrotizantes prevaleceu também a classe das penicilinas (a maioria de espectro alargado). De notar que nas infeções necrotizantes foram utilizadas sempre associações antibióticas. Na ferida cirúrgica destaca-se a vancomicina (55,6%). O tempo médio de antibioterapia variou entre 9-19 dias, com maior duração nas infeções profundas. Verificou-se uma maior percentagem de alteração antibiótica nas infeções necrotizantes (66,7%). O tempo médio para controlo de foco foi 40,8 horas. A taxa de mortalidade global foi de 9,7%. Conclusão: O diagnóstico de IPTM é clínico. A orientação terapêutica adequada é baseada em múltiplos fatores que conjugam o doente, o(s) agente(s) bacteriano(s) e o(s) antibiótico(s). Uma equipa multidisciplinar é essencial para melhorar a qualidade dos cuidados de saúde prestados ao doente.
Abstract Introduction: Incidence of skin and soft tissue infections (SSTIs) is increasing worldwide. These infections represent an important reason for hospital admission. Proper management of these patients is of paramount importance, regarding prognosis and healthcare-associated costs. Methods and results: A retrospective observational study was developed to evaluate clinical practice, risk factors for SSTIs and outcomes in patients with SSTIs. Study population comprised patients hospitalized with SSTIs. A total of 267 SSTIs were identified. Microbiological isolate was obtained in most of necrotizing infections and surgical wounds. Gram-positive organisms were the most frequent agents. In necrotizing infections, 70% of the isolates were polymicrobial. First-line antibiotics for initial management of skin superficial infections were penicillins. However, almost 1/3 of erysipelas and cellulitis were treated with broad-spectrum antibiotics. In necrotizing infections, penicillins (broad-spectrum penicillins) also prevailed, mostly in combination antimicrobial regimens. Vancomycin was used in 55.6% of cases of surgical wounds. Mean antibiotic therapy duration ranged from 9-19 days, with longer periods in deeper infections. A high percentage of antibiotic switch (66.7%) occurred in patients with necrotizing infections. Mean time to surgical intervention was 40.8 hours. Overall mortality rate was 9.7%. Conclusion: The diagnosis of SSTIs is clinical. Clinical approach to initial choice of antimicrobial therapy is based on multiple factors related to the patient, the bacteria, and the drug. A multidisciplinary team is essential to improve the quality of patient care.